quarta-feira, 9 de junho de 2010

A pouca importância da fase de qualificação

Quando é hora de falar em favoritos, um dos aspectos que se utiliza para fundamentar as previsões é a boa ou má fase de qualificação. Eu não diria que a qualificação tem uma importância nula, mas para mim ela não passa de um factor meramente estatístico.

Falo nisto pois existe grande desconfiança em relação a Portugal à Argentina e à França devido ás suas atribuladas qualificações.

Em primeiro lugar temos de ver que a qualificação se joga durante dois anos, por isso está sujeita a vários factores. Os jogadores concentram-se dois ou três dias antes dos jogos, que geralmente são dois num espaço de três ou quatro dias, sendo que a jornada seguinte é vários meses depois. Isto faz com que apenas estejam juntos cerca de uma semana de vários em vários meses, o que resulta em rotinas de fraca qualidade ou nulas. Muitas vezes alguns jogadores estão lesionados, contribuindo para a perda das tais (poucas) rotinas e desfalcando a selecção (quanto mais espaçados são os jogos mais se sente a falta dos lesionados). E temos de ver sempre a forma do jogador no momento das partidas de qualificação, pois como estas são muito espaçados e levam muito tempo (os tais 2 anos) os grandes jogadores podem muito bem não estar na melhor forma no momento em que vão representar as selecções (enquanto num campeonato têm vários jogos e acabam sempre por chegar ao momento de forma ideal). Agora temos de pensar que estes factores também influenciam os nossos adversários para bem ou para mal, e por isso podem acontecer vários desfechos.

Para preparar o mundial os jogadores concentram-se cerca de um mês antes e por isso podem criar boas rotinas, o treinador tem tempo para pôr as suas ideias em prática, são feitos vários amigáveis e os jogadores tem tempo para aumentar, manter ou recuperar a forma que exibiram durante a época, além disso há tempo para lidar com as lesões (à excepção das graves). Assim o que pode ter sido uma qualificação atribulada é completamente transfigurado com uma boa preparação, ou o que foi uma grande qualificação pode não ser sinónimo de superioridade pois a preparação pode ser pior à das outras selecções.

Quando Portugal foi ao Mundial 2002 fez uma excelente qualificação e não passou da fase de grupos do Mundial, o Brasil esteve em risco de não ir (utilizou mais de 40 jogadores durante a qualificação) e acabou o Mundial como campeão.

Por isso acredito que os grandes factores de favoritismo são a qualidade dos jogadores, a pressão que eles sentirão por representar a selecção num mundial e a qualidade do trabalho que é feito durante o mês de concentração antes do mundial.

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