segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A falta de pré-época leonina


 Quando se olha para a versão 2012/2013 do Sporting vê-se uma equipa que voltou agora dos banhos de sol do Verão e está a iniciar a pré-época.

 Este plantel é dos melhores que passaram por Alvalade neste século, tem jogadores bastante experientes com credenciais já confirmadas (Boulahrouz, Capel, Patrício, Pranjic ou Schaars) e jovens promessas com tudo para despontar (Cedric, Carrillo ou Viola). era portanto perfeitamente justificável a confiança dos adeptos nesta época, o título podia ser bastante difícil mas havia matéria prima para entrar na sua discussão.

 A evolução natural das coisas ditaria que após vários jogos de preparação e treinos intensivos a equipa adquirisse a forma física desejável, as bases táticas estariam tranquilamente assimiladas e a adaptação e o entrosamento o dos novos jogadores já estaria bastante avançado. Tudo isto seria plenamente ajudado e acelerado por toda a qualidade de executantes que o clube conseguiu reunir.

 O problema (e que problema!) é que nada disto correu como o esperado, e aqui é que entram as muitas culpas que Sá Pinto tem no cartório. Passados quase seis meses desde que se iniciou a pré-época, a equipa parece não ter saído do ponto inicial. Não há um onze base, já que jogo após jogo a equipa sofre uma razia e tudo é mudado, fruto desta indefinição dos titulares o meio campo, que é o coração tático de qualquer equipa, não tem uma base solidificada; e os jogadores não funcionam em bloco, tudo é desorganizado, seja as pressão, as desmarcações, ou a posse de bola, não há uma filosofia homogénea de equipa, cada um faz aquilo que acha.

 Para além de tudo, a vertente física, que é aquela onde se parte do princípio que o clube não irá ter grandes problemas, está abaixo do exigível. Schaars veio dizer, a propósito da saída de Sá Pinto, que a preparação física tinha sido pouco intensa, e Vercauten tem dado uma importância fora do comum aos treinos físicos (fazendo muitas vezes treinos bidiários), também aqui a equipa não progrediu muito desde Junho.

 Apesar de todo o seu Sportinguismo e da lealdade com que treinou o clube, penso que o Sporting com um treinador "a sério" não tinha desbaratado esta época da maneira infantil como tudo aconteceu ( e está a acontecer).

E porque não o melhor Guarda Redes do mundo?


 Numa altura em que foram divulgados os nomes dos vinte e três jogadores que vão concorrer ao prémio Fifa de melhor jogador do mundo, é interessante debater se faz ou não sentido existir também um prémio Fifa para o melhor guarda redes do mundo.

 Quer queiramos quer não o guarda redes é uma posição completamente diferente das outras dez, pode estar um jogo inteiro a apanhar frio e a olhar para o ar e numa fração de segundo ter de salvar a equipa com uma grande defesa, ou estar uma partida inteira a ser "bombardeado" sem poder fazer nada (para além de defender os remates); é uma posição que exige um treino próprio (por alguma razão todos os plantéis têm um treinador de guarda redes) e uma leitura diferente do jogo, uma vez que todas as intervenções destes "homens das luvas" têm de primar pela máxima eficácia, sob a pena do mínimo erro poder ditar um golo sofrido.

 Olhando para os nomeados apenas Buffon, Casillas e Neuer figuram na lista, a verdade é que mesmo com excelentes guarda redes a espalhar magia por esses campos fora, esta posição está semrpe condenada a um papel secundário. Se o artista falhar um golo isolado ou uma finta no meio campo ninguém repara, se o guarda redes passa o jogo inteiro a evitar tudo o que é golo mas tem uma falha, esta fica memória de todos e as grandes defesas passam para segundo plano. Quase que podemos afirmar que dos jogadores de campo ficam as lembranças boas, dos guarda redes ficam as lembranças más.

 Infelizmente não o vi atuar, mas Lev Yashin devia mesmo ser um extraterrestre para ser o único guarda redes da história a ser considerado melhor jogador do mundo (neste caso pela France Football). É um crime que Kahn, Buffon ou Casillas nunca tenham tido uma distinção individual a nível mundial, digna da sua classe. Por toda a ingratidão da posição que ocupam estes "guardiões de templos" mereceriam ter um prémio só para eles.

 Se continuarmos como estamos, os anos passarão e os vencedores serão sempre os mesmo...

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Críticas pouco coerentes


 O jogo desta Quarta Feira entre a seleção portuguesa e o Gabão teve mais polémica que futebol, não por erros de arbitragem ou um resultado escandaloso, simplesmente porque os jogadores portugueses fizeram uma viagem bastante longa para disputarem um encontro de carácter particular contra uma seleção de terceira categoria, "apenas" por dinheiro.

 A semana foi rica nas críticas ao "oportunismo" da FPF, acusada de pensar apenas nas finanças em detrimento dos jogadores e da credibilidade de Portugal enquanto seleção. Resumidamente, os jogadores nacionais fizeram uma viagem de mais de dez mil quilómetros, abandonando os seus clubes, para defrontarem um país sem nenhuma expressão futebolística, num relvado que podia perfeitamente ser comparado a uma horta, empatando 2-2 e deixando a federação com oitocentos mil euros no bolso.

 Acho um absurdo esta crítica gratuita aos responsáveis da nossa seleção, fala-se deste encontro como um negócio em que a FPF quis lucrar oitocentos mil euros como se de uma empresa privada se tratasse, mas todos esquecem que essa grande quantia monetária entrou nos cofres da equipa de todos nós. Quando falamos de camadas jovens, clubes profissionais e amadores,  infra-estruturas futebolísticas, futebol feminino, futsal, futebol de praia, e claro a Seleção A, tudo isto tem custos e apoios que não caem do céu, já que vêm da FPF que obviamente precisa de maximizar e diversificar as receitas - particularmente na conjuntura económica que estamos a viver.

 A Espanha foi "ganhar dinheiro" ao Panamá, a Argentina à Arábia Saudita, tal como o Brasil já tinha feito com o Gabão, são das seleções mais prestigiadas do mundo e aproveitam esse facto para sustentarem as suas finanças. O "efeito Cristiano Ronaldo" ajuda bastante à visibilidade nacional (aliando aos bons resultados e bom futebol que o mundo tem visto de Portugal), põe-nos no patamar da frente e não podemos desperdiçar isso.



segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Champions a fugir


 A 4ª jornada da Liga dos Campeões teve um sabor agridoce para os benfiquistas, se a vitória sobre o Spartak de Moscovo colocou um sorriso na cara dos adeptos, a vitória do Celtic sobre o Barcelona deixou esse sorriso a meio. As contas são simples de fazer, o Benfica tem de ganhar ao Celtic em casa e ir pontuar (provavelmente vencer) a Camp Nou - apesar de uma derrota com os catalães poder dar na mesma o apuramento, dependendo do resultado do outro jogo.

 A passagem aos oitavos era um dos objectivos prioritários do clube para esta época, depois do sorteio passou a ser ainda mais prioritário, pois a qualidade do plantel exigia um  apuramento atrás do todo poderoso Barcelona. Teoricamente empatar em casa dos escoceses e dos russos e ganhar aos dois na Luz garantia um caminho tranquilo rumo ao 2º lugar do grupo, os jogos com o vice campeão espanhol serviriam para tentar uma surpresa.

 Neste planificação de resultados o Benfica teve dois problemas: derrota em Moscovo e a vitória escocesa sobre o Barcelona, o desaire em Luzhniki era um imprevisto facilmente ultrapassável, mas a derrota catalã no Celtic Park foi um grande murro no estômago. Em cada 10 jogos o Barcelona tem 1 mau, portanto é impossível antever quando a equipa "Blaugrana"  perderá pontos, calhou a fava ao Celtic e inflelizmente para o clube português, não deverá calhar a mais ninguém.

 Na recepção aos "católicos" com mais ou menos dificuldade os homens de Jorge Jesus deverão conseguir a vitória, no jogo da decisão por mais bem preparada (fisica, técnica e tacticamente) que a equipa esteja será muito difícil sair de Camp Nou com pontos, quanto mais com a vitória. Se os astros forem simpáticos com o Benfica, talvez haja uma conjugação de factores que proporcione, pelo menos, o empate nos dois campos (Campo Nou e Celtic Park), dando o tão desejado apuramento às "águias".

 O que aqui se fala não é brincadeira, já que parte da sustentabilidade financeira do clube vem dos milhões da Champions, quer directos, pelos bónus de vitória de apuramento, receita de bilheteira , e transmissões televisivas; quer indirectos, pela valorização dos jogadores e divulgação do nome "Benfica".

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Quando "B" é melhor que "A"

 
 Depressão, esta talvez seja a melhor palavra para definir a actual situação leonina, não se marcam golos, não se ganham jogos, e as exibições são confrangedoras. Eliminação da Taça, último lugar na Europa, e 10º lugar na Liga, era impossível fazer pior.

 Acrescentemos um "B" à frente da palavra "Sporting": vitórias, golos, exibições de alto nível, e o comando da Segunda Liga. Os jovens leõezinhos são os lideres destacados do seu campeonato, respiram confiança e estão num nível bastante superior ao das outras equipas B.

 É uma situação paradoxal esta que o clube verde e branco vive, a equipa A desilude, a equipa B supera as expectativas. No entanto é um bom momento para se reflectir e tirar os proveitos que a situação exige. O Sporting não pode de maneira nenhuma ignorar a matéria prima que tem, dá gosto ver os "miúdos" jogar com total entrosamento, toque curto e bola no pé, assumindo a partida em qualquer campo. A principal equipa precisa deles!

 Este novo ciclo marcado pela reformulação directiva e a contratação do técnico Franky Vercauteren, tem de ter uma estratégia coerente e realista. O titulo esta época já não passa de algo lá longe na linha do horizonte, a Champions sim é o objectivo pelo qual a equipa tem de lutar, portanto Vercauteren precisa de calma e ir pensando jogo a jogo para pôr o motor - cuja qualidade é bastante boa - a trabalhar. O belga vem de um país em que a aposta na formação começa a dar grandes frutos - que o digam Witsel ou Hazard - e já foi responsável pela descoberta de vários talentos nos clubes onde treinou, em Alvalade se lhe for dado tempo e espaço poderá muito bem fazer o mesmo.

 A situação financeira já não admite grandes aventuras no mercado e como consequência das contratações na era Godinho Lopes o plantel tem uma espinha dorsal experiente e de boa qualidade - embora actualmente tenha havido uma "evaporação" dessa qualidade -, está então na altura de voltar a recrutar na formação, para aparecerem mais Ronaldos, Nanis e Vianas. A selecção também agradece.