quinta-feira, 21 de março de 2013

Estaremos no Mundial



 Depois de Paulo Bento ter anunciado os convocados para o duplo confronto em que a Portugal jogará cartadas importantes na corrida ao apuramento para 2014, os portugueses voltaram a recordar-se que a sua realidade futebolística não é só Benfica, Porto, Sporting ou Real Madrid; há também uma seleção que representa o seu pais e que está com alguma dificuldades na caminhada para a maior competição futebolística do mundo.

 Não passa pela cabeça de nenhum habitante desta nação a sua seleção não marcar presença no país irmão daqui a pouco mais de um ano, as contas do grupo tiveram uns imprevistos mas a situação está a longe de ser irreversível, e os jogos dos próximos dias serão importantes para reestabelecer a ordem natural de forças do grupo - neste aspeto o confronto com Israel assume uma especial importância, pois trata-se de uma deslocação ao terreno de uma equipa que até agora tem sido um adversário direto pelo apuramento.

 Com a campainha do alarme já ativada não vale a pena fazê-la soar de forma demasiado estridente. Vai ser difícil, mas não impossível, tirar os Russos do comando, e existe um plano B que já foi utilizado nas duas últimas grandes competições. Os vice-campeões de cada grupo (apenas o pior medalha de prata fica de fora) podem-se apurar através de um playoff, e entram na prova com o mesmo status dos primeiros classificados.

 Nós como praticantes de futebol temos muitos problemas a nível de mentalidade, irrita qualquer adepto ver exibições completamente displicentes como a contra a Irlanda do Norte, em que os jogadores nacionais entram em campo com um completo complexo de superioridade resultando em exibições paupérrimas, enquanto o adversário, com um décimo da qualidade, joga os 90 minutos em alta rotação e é premiado por isso. O português não se dá bem a jogar com o favoritismo do seu lado  quando a coisa é (teoricamente) demasiado fácil a concentração desce abruptamente.

 Contudo a moeda também pode ser virada ao contrário aparecendo uma nova perspetiva, em que os elogios são muitos. Depois da descontração costuma vir o "acordar para a vida", e quando acordam os  jogadores não desiludem. Chegado o momento da verdade os nossos representantes ganham asas e é dificil parar esta seleção; basta a partida requerer grande emergência ou mediatismo para os atletas passarem os seus niveis de concentração do 8 para o 80.

 O típico "tuga" tem a mania de deixar as tarefas para a última da hora, mas quando chega a altura de fazê-las, já super pressionado, até alcança resultados positivos. Como um belo retrato do seu povo a nossa seleção sofre das mesmas doenças e virtudes, é por isso que não duvido que esta "equipa de todos nós" estará no Brasil para fazer história 500 anos depois. Nós não fomos feitos para ter bons resultados em apuramentos e amigáveis, os grandes palcos é que seduzem as nossas estrelas.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Ferguson da Luz



 Chegados ao terceiro mês de 2013, já se começam a lançar os dados para a próxima época, possíveis contratações e dispensas de jogadores e dúvidas em relação à continuação dos técnicos tornam-se assuntos do dia. É neste contexto que o possível final de casamento entre o Benfica e Jorge Jesus (JJ) tê sido cada vez mais comentado.

 Tendo posto o título como objetivo principal dos últimos anos, e só com uma vitória em três épocas, o mais natural será uma terceira prata seguida tirar a aliança do dedo do mister e deixá-lo no desemprego. Seria muito difícil para Luís Filipe Vieira explicar aos adeptos como mantém um treinador que se deixa sempre ultrapassar pelo rival do norte. Da forma que coisas estão é muito difícil prever quem será o próximo campeão nacional, contudo pela confiança, frescura física e capacidade mental que demonstra, o FC Porto é o favorito, ou seja, se imperar a lógica os azuis e brancos são campeões e JJ terá de se inscrever nalgum centro de emprego.

 No entanto estes assuntos não podem ser analisados de forma tão pragmática, se ganha fica se perde sai, há muita coisas sobre o qual é preciso refletir, e um futuro a longo prazo em que é preciso pensar. O FC Porto a nível de estrutura (humana) e mentalidade conseguiu um avanço supersónico em relação ao clube da Luz nas últimas duas décadas, há uma organização estrutural e uma mentalidade fortíssima de comprometimento e vitória para com o clube, aspetos que demoram anos a enraizar-se profundamente num emblema. Com Vieira a chefiar e Jesus a treinar a aproximação ao rival do norte tem sido bastante conseguida, a forma de encarar os jogos mudou completamente, os encarnados voltaram a meter medo a qualquer adversário, as discussões do campeonato vão até ao fim e não acabam na altura da consoada, o nome "Benfica" voltou a impor respeito pela Europa fora, as vendas milionárias colocaram um selo de qualidade na matéria prima do emblema, e a nível de estrutura o clube está bem mais forte. Tudo isto não se fez por magia, nem em cinco segundo, foi (e é) preciso tempo e qualidade, e JJ teve os dois.

 Não tenho dúvidas que se o técnico português se tornasse o "Ferguson do Benfica", o clube da Luz poderia marcar uma nova era hegemónica no futebol português. Pior que ele há muitos, melhor há muito... poucos.


P.S- Este artigo foi escrito antes do Sporting- FC Porto e do Beira-Mar-Benfica, pode acontecer que as contas do título se alterem depois desta jornada.