segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Benfica versão 2011/2012



Após o interregno do um ano os adeptos encarnados vêm outra vez o título como algo real, desta vez a participação na Liga Europa é substituída pela participação na Champions, o que aumenta ainda mais o apetite futebolístico. Vitórias, golos, boas exibições, e primeiro lugar nas provas mais importantes, têm causado uma grande onda de entusiasmo no universo benfiquista; desde as declarações e conferências de imprensa que transpiram confiança, até às boas assistências dentro e fora de portas, é visível o positivismo que paira sobre o clube.

Vê-se um Benfica juntar o bom futebol à consistência defensiva (algo inédito no reinado de Jesus), a Luz tornou-se um verdadeiro inferno (com derrota quase certa para quem a visita), e o estigma F.C.Porto (que tantos pesadelos causou na época passada) tem sido aos poucos ultrapassado.

Cumprindo a sua terceira época no clube, Jesus mostrar ter sabido tirar o melhor proveito da sua experiência nas duas épocas anteriores. Com duas temporadas globalmente positivas (para aquilo que vinha sendo a realidade classificatória e exibicional do clube) marcadas por exibições de grande nível, o emblema encarnado também teve os seus momentos menos bons (quem não se lembra do início da época passada?) onde choveram as críticas. Quero com isto dizer, que neste terceiro ano o técnico português tem aliado aquilo que a equipa tinha de melhor com a diminuição das fragilidades anteriormente mostradas.

Quais então as causas concretas deste salto qualitativo pelos lados da segunda circular? A resposta é simples e não exige grande reflexão: plantel com mais qualidade e uma maior elasticidade táctica.

As águias têm um conjunto de jogadores mais forte e diversificado que nas épocas passadas -é porventura o melhor plantel vermelho e branco desde que sigo atentamente a realidade futebolística. Apenas perderam Sálvio e Coentrão (este sim uma baixa de vulto) para ganharem Bruno César, Nolito, Witsel, Rodrigo, e Garay, entre outros como Matic e Emerson que apesar da menor importância não deixam de ser úteis à equipa. Conseguiram estabelecer um núcleo duro de treze indispensáveis que se vão revezando jogo a jogo, e o treinador português pode dar-se ao luxo de ter executantes como Bruno César, Nolito, Rodrigo ou até Cardozo e Aimar no banco, uma realidade inédita nas temporadas antecedentes.

No plano táctico esta abundância de opções dá os seus frutos, para além da qualidade dos intervenientes o Benfica tem beneficiado da sua diversidade, e se na grande maioria dos jogos era comum as águias jogarem com um losango no meio campo (umas vezes com os médios mais interiores, outras com os alas mais abertos), esta época já foram utilizados utilizados vários sistemas tácticos diferentes, desde a opção por apenas um ponta de lança, à coexistência de dois médios mais defensivos, ou à abdicação do criativo, Jesus já experimentou de tudo, e só o pôde fazer porque tem jogadores para isso. Neste contexto há que ressalvar um caso particular, o de Axel Witsel, este jovem médio tem sido fundamental na consistência táctica e defensiva apresentada pelos lisboetas, com ele em campo a equipa tem capacidade de apresentar diferentes disposições atacantes, ganhando uma outra dimensão no equilíbrio do meio campo, é ele o segredo para do Benfica menos permissivo da era Jesus.

Todavia nem tudo são rosas, há uma grande diferença entre o rendimento dentro e fora de casa, sempre que o clube se desloca a algum lado as actuações tendem a ser sofridas (que o diga o Feirense) com poucos golos marcados, as opções que transbordam no ataque carecem na defesa onde a segunda linha não tem de longe a qualidade da primeira, e no lado esquerdo do sector defensivo Emerson na parece ser solução à altura do resto do onze.

Será interessante verificar, o estofo que o clube da Luz terá para aguentar a primeira posição, e é com grande expectativa que prevejo a participação benfiquista na Champions.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Uma proposta ilusória


As eleições na liga foram ganhas com umas promessa eleitoral algo controversa, o aumento para 18 do número de equipas no principal escalão do futebol português. Digo controversa, pois suscitou opiniões opostas, desde os que enaltecem a medida aos que a acham ridícula, que é o meu caso.

Mário Figueiredo foi esperto nas propostas eleitorais que utilizou como bandeira da sua candidatura, tanto a negociação equitativa dos direitos televisivos como o alargamento de clubes beneficiam à maior parte das equipas-quanto mais abrangente for o benefício maior é o número de votos. Mas se a primeira, apesar de muito difícil implementação pode ser bastante benéfica para o campeonato a médio/longo prazo, a segunda proposta demonstra total falta de percepção a respeito da realidade do futebol português, podendo perfeitamente ser apelidada de populista pelo seu carácter lunático, insustentável e amigo dos votos-lembra o primeiro-ministro que é eleito com a promessa de baixar impostos.

A um campeonato pedem-se duas coisas:competitividade e sustentabilidade financeira; cabe a cada país, de acordo com a sua realidade futebolística e socioeconómica reflectir sobre a melhor forma de potenciar essas duas componentes. O senhor Mário Figueiredo-para além da vantagem que lhe deu nas eleições-acha que o aumento de equipas é uma solução para a melhoria do nosso campeonato nessas vertentes fundamentais, seguindo uma lógica superficial de que mais clubes é sinónimo de maior competitividade e riqueza, ou simplesmente com a ideia megalómana de ter um campeonato quase tão grande como as principais liga europeias. É pena isto ser muito bonito na teoria, mas não funcionar na prática; qual é a dificuldade de perceber que Portugal é um país com pouca população, estádios vazios e sem dinheiro?

Por mais emblemas que o nosso campeonato tenha, o bolo económico vai continuar igual, ou seja, direitos televisivos, receitas de publicidade e prémios de classificação, vão manter-se na mesma, a única diferença é a sua divisão por mais equipas. Ao contrário do que parece, a operação matemática aplicada a este caso não é a soma, é a divisão; reparem:dos 8 jogos realizados todas as jornadas costumam ser transmitidos em média 6, ficando 2 de fora. Com o alargamento serão transmitidos os mesmos 6 ficando 3 de fora, em vez de aumentar o número de jogos transmitidos, aumenta o número de partidas não transmitidas.

As bilheteiras continuarão na mesma, já que 80% das equipas só tira partido dessa receita em jogos com os jogos, o resto do campeonato é feito de assistências miseráveis. E há um outro factor muito importante e pouco falado, é a questão da visibilidade, uma fonte de receita indirecta bastante produtiva, pois o prestigio e a divulgação das equipas é tanto maior quanto mais restrito for o campeonato, sendo isso uma de captação das mais diversas receitas. Por outras palavras, as equipas mais pequenas cujas finanças são instáveis ou estão no limite, vão perder dinheiro.

Quanto há competitividade, fica refém das contas dos clubes, que com menos dinheiro constroem planteis mais fracos, cheios de incógnitas que meia dúzia de jogos depois se revelam autênticos flops. Como apenas 7 emblemas têm objectivos mais ambiciosos que a permanência na liga, este aumento vai adicionar duas equipas na penosa luta pela manutenção, ou seja, onde a competitividade é importante (título e Europa) mantém-se na mesma, onde ela não interessa aumentará.

Para finalizar deixo um lista com o número de equipas do primeiro escalão, população, e PIB, dos 12 países melhor classificados do ranking da UEFA-em dados arredondados.

Inglaterra:20 equipas-pop 63 milhões-PIB 2,172 biliões
Espanha:20 equipas-pop 46 milhões-PIB 1.368 biliões
Alemanha:18 equipas-pop 82 milhões-PIB 2.940 biliões
Itália:20 equipas-pop 61 milhões-PIB 1.773 biliões
França:20 equipas-pop 65 milhões-PIB 2.145 biliões
Portugal:16 equipas-pop 11 milhões-PIB 247 mil milhões
Rússia:16 equipas-pop 143 milhões-PIB 2,222 biliões
Ucrânia:16 equipas-pop 46 milhões-PIB 305 mil milhões
Holanda:18 equipas-pop 17 milhões-PIB 676 mil milhões
Grécia:16 equipas-pop 11 milhões-PIB 318 mil milhões
Turquia:18 equipas-pop 73 milhões-PIB 960 mil milhões
Bélgica:16 equipas-pop 10 milhões-PIB 394 mil milhões

Podemos observar que ninguém tem um PIB mais baixo que o nosso, e tirando a Bélgica e a Grécia somos o país menos populoso. Apenas as potências europeias (económica e demograficamente) têm campeonatos com 18 ou 20 equipas, analisando estes números torna-se anedótico incluir Portugal no restrito lote de países com 18 ou mais emblemas na liga principal.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Elias, Schaars e Matias

O jogo de ontem iniciou-se com várias alterações no onze, da defesa ao ataque todos os sectores foram alvo de alguma mudança, cabendo ao meio-campo uma mudança estrutural:de ordem táctica.O triângulo inverteu-se e o vértice passou de defensivo a ofensivo.

O motor de qualquer onze é o meio campo, se há alterações tácticas neste sector a dinâmica e a identidade de jogo da equipa são logo alteradas. Assim sendo, o Sporting passou de um trio com um homem mais de equilíbrio e marcação para um trio com um desequilibrador cuja função era comandar o ataque. No meio desta troca estavam dois médios insubstituíveis que podem ocupar várias posições no meio campo.

Com a troca de Matias (que tinha alinhado noutra posição) por Renato Neto o Sporting ficava mais ofensivo (neste sector), Schaars ficou como homem mais recuado, Elias também baixou um pouco e o chileno preocupou-se exclusivamente com funções atacantes. o que na teoria parecia uma opção mais atacante e dominadora, na prática revelou-se um flop.

Houve mais posse de bola e mais ataques, porém, foi tudo bastante inconsequente com poucas oportunidades e grande insegurança defensiva. Só houve um verdadeiro domínio da partida a partir dos 70 minutos, quando o Braga abdicou de atacar e ter a bola. No plano ofensivo, Matias foi muito esporádico, ia aparecendo no jogo de vez em quando com alguns rasgos perigosos, sem nunca conseguir comandar verdadeiramente o ataque e ser o elo de ligação entre este sector e o meio campo, para isso muito contribuiu a falta de apoio que recebeu, o brasileiro Elias esteve demasiado recuado e longe do nº14. com a conexão entre os dois a parecer algo desligada.

Contudo foi no plano defensivo que surgiram os maiores problemas, como não havia um jogador exclusivamente de marcação o espaço entre o centro do campo e a defesa era enorme com os dois elementos mais recuados a não saberem bem que posições ocupar, tudo isto foi muito bem aproveitado pelo Braga que tinha Mossoró a jogar atrás do ponta de lança sem posição fixa, Schaars nunca o conseguiu "apanhar" e Elias cobriu mal o espaço que era deixado pelas constantes trocas de posição do brasileiro, Hugo Viana aproveitou, e ocupou esse espaço vazio para rematar e assistir, e foi desta maneira que o Braga criou as melhores oportunidades. Tanto Elias como Schaars são jogadores que auxiliam muito bem nas transições defensivas, no entanto neste tipo de jogo, não podem ser o principal elo do meio campo defensivo, porque não têm nem característica nem rotinas para isso.

Esta solução poderá ser uma hipótese nos jogos em Alvalade ou contra equipas de pequena dimensão, aí Schaars não terá tantas dores de cabeça com que se preocupar e a equipa poderá usufruir da boa saída para o ataque que a dupla proporciona e de um maior apoio a Matigol.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Um problema chamado Bojinov


Veio rotulado de craque e foi um das compras mais sonantes do defeso leonino, Valeri Bojinov aos 25 anos foi contratado com o intuito de reforçar o ataque verde e banco. Confesso que apesar de pouco ter visto o búlgaro a jogar gostei da sua contratação, mesmo com passagens falhadas por grandes clubes pensei que aquele que foi o jogador mais novo de sempre a actuar na Série A conseguisse relançar a carreira no Sporting. Mas a vida é dinâmica e algum tempo depois a minha opinião mudou drasticamente.

Com alguns problemas físicos no inicio da temporada aliados à boa forma de Wolsvinkel, Bojinov foi relegado para segunda opção no centro do ataque, contudo Domingos procurou sempre dar minutos ao ex-jogador do Parma fazendo-o entrar no decorrer das partidas ou dando-lhe a titularidade em alguns encontros. A verdade é que o jogador nunca agarrou as oportunidades, e os 3 golos são uma marca escassa para alguém que teve hipótese de fazer muito melhor.

Com ele em campo o Sporting joga com 10 elementos, a sua lentidão impressiona e a agressividade é nula tornando-o um alvo fácil para os defesas já que não pressiona nem se desmarca (quem o cobre sabe que terá um jogo descansado pela frente), no entanto o que se pede a um ponta de lança são golos e nesse capítulo o búlgaro ainda deixa mais a desejar, são inúmeras as ocasiões que dispõe em durante cada partida e o resultado é sempre inverso ao esperado (ou bola para as nuvens, ou contra o guarda-redes). É verdade que já vi pormenores técnicos interessantes e o seu pé esquerdo também já mostrou ser perigoso, mas um ponta de lança que não corre, não pressiona, não se desmarca e falha oportunidade atrás de oportunidade, a única coisa que está a fazer em campo é ajudar o adversário.

Em mais de 15 contratações houve poucos erros de casting, infelizmente este foi um deles, resta-nos esperar que Ribas faça bastante melhor que Bojinov (o que também não é difícil), pois uma equipa que está nas 4 frentes necessita de um substituto com qualidade para Wolsvinkel.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Futebol por Terras de Sua Majestade

Isto do melhor campeonato do mundo é algo muito subjectivo, cada pessoa faz o seu juízo de valor e tem a sua preferência, no meu caso o voto vai para Inglaterra, cuja admiração sempre foi grande. Por mil e uma razões considero a Premier League como a melhor do globo, bem à frente da concorrência.

Esta magia única da competição tem pairado mais uma vez na edição deste ano, é incrível o grande risco que acarreta qualquer previsão; titulo, Champions, Liga Europa e descida de divisão são grandes enigmas. Quem apostaria que o Manchester United perderia com o último classificado em casa? e que horas depois o City fosse abatido pelo Sunderland? Não é algo assim tão estranho, as equipas pequenas têm grande capacidade de roubar pontos às mais fortes.

Relativamente à discussão do título e como falta cerca de meio campeonato, é prematuro resumir-se a luta aos rivais de Manchester, os rivais de Londres também têm uma palavra a dizer, tanto Tottenham como Chelsea têm direito a entrar na batalha. Será interessante verificar até que ponto as provas da Uefa interferirão nesta corrida, os "spurs" livres deste "encargo" têm aqui uma vantagem em relação à concorrência, no entanto com o menor grau de exigência e motivação da L.Europa é previsível que os dois participantes não apostem muito nela. Deste modo são os "blues" quem tem o desafio mais difícil já que para além de estarem na quarta posição terão de se concentrar também na Champions

Em relação aos quatros lugares da Champions, só Arsenal e Liverpool têm "arcaboiço" para se juntar aos quatro da frente na disputa. Contudo, vai ser muito difícil para os dois rivais históricos chegar ao quarto posto, apenas uma continuação dos maus resultados de Vilas Boas ou uma baixa abrupta de forma dos homens de Redknapp poderá evitar uma inversão de lugares.

A luta pelo acesso à L.Europa é impossível de prever, a incógnita sobre os lugares disponíveis (variam consoante os finalistas das Taças internas) e a quantidade de equipas candidatas leva ao fracasso de qualquer previsão, porém Arsenal, Liverpool e Newcastle são os principais favoritos.

No que toca à descida de divisão jornada após jornada assiste-se a uma troca de posições, o Blackburn apesar de ser o "lanterna vermelha" só tem menos três pontos que o décimo sétimo e já mostrou como se ganha no terreno do campeão, também nesta batalha há um leque abrangente de equipas que podem fazer parte dos três derrotas, resta esperar para ver quem são os menos resistentes.

Teremos imprevisibilidade, acção, golos e emoção até ao fim porque sem sombra de dúvidas trata-se da liga "Special One".