terça-feira, 30 de abril de 2013

Paradigma Alemão



 As meias finais da Champions são sempre um acontecimento especial para quem vibra com o desporto-rei (aliás, toda a prova é), estão lá as quatro melhores equipa do mundo e o espetáculo é sempre garantido. Confesso que pensei para mim, "para a elite futebolística estar toda ali concentrada só é necessário trocar o Borussia pelo M. United", a práctica mostrou que me enganei redondamente.

 Quem assistiu aos dois jogos desfrutou de três horas de futebol a sério, que fez jus à melhor competição do mundo. Viu-se um autentico recital futebolístico vindo da Alemanha, ajudando a Srª Merkel a mostrar quem manda na Europa; os dois (teoricamente) melhores clubes do mundo saíram da sua viagem ao centro do continente completamente humilhados, tal como o seu governo no último ano. Foi demasiada Alemanha para uma paupérrima Espanha, e a inédita final germânica está ai à porta.

 Duas equipas habituadas a golear tudo e todos não conseguiram criar mais que duas oportunidades, os dois melhores jogadores do mundo estiveram totalmente off da partida e os dois quartetos defensivos foram uma autêntica passadeira vermelha para os opositores. Já se faziam contas e apostas sobre o vencedor da final espanhola, final essa que só vai ser possível (salvo qualquer grande imprevisto) nos jogos de Fifa e Pes.

 Os alemães mostraram que a Bundesliga merece se acompanhada com outros olhos - e a partir de agora com certeza que vai ser. É magnífico ver a Allianz Arena e o Westfalenstadion a rebentar pelas costuras com um público incansável os noventa minutos. Ao contrário das poderosas equipas germânicas do passado, tanto Bayern como Borussia têm grande qualidade técnica no seu onze, o futebol que praticam não é a monotonia e a brutalidade do passado, há uma aliança entre futebol espetáculo e a eficácia e dureza típica alemã. No mesmo onze misturam-se os típicos germânicos Schweinsteiger, Gómez e Lahm, com os mágicos Robben e Ribery; e artistas como Gotze ou Réus de alemães só tem o BI.

 O grande segredo para este emergir germânico está na abertura que a Bundesliga tem tido a jogadores de todo o mundo, com as mais diversas características, que têm enriquecido muito a prova. Para além de que a nova escola alemã está muito mais refinada que no passado (Ozil e Gotze são disso exemplos) resultando numa forma de jogar bastante mais atrativa.

 Posto isto, é com curiosidade que na próxima época acompanharei o que Guardiola fará na super equipa bávara, e como reagirá o Borussia às perdas de Lewandowski e Gotze..

sexta-feira, 26 de abril de 2013

A lei do mais novo



 Este ano Horribilis do Sporting tem sido fértil na ausência de projetos e um plano coerente, o clube já teve quatro treinadores; começou a época com o objetivo do título e vai acabá-la a tentar apurar-se para a Liga Europa; investiu num plantel caro desmembrando-o no Inverno; e negligenciou por completo a academia para agora usá-la abusivamente.

 É em relação a esta aposta massiva nos jovens que interessa falar. Já se perdeu a conta do número de "leõezinhos" que jogaram (pelo menos) uns minutos esta época na equipa principal, face ao sub-rendimento dos "velhos" estes jovens jogadores têm sido muito acarinhados e apoiados pelo público de Alvalade, porém esta altura em que foram lançados às feras não é de todo a melhor. Entrar numa casa em chamas sem ser bombeiro é uma experiência arriscada para qualquer um. Muitos morrerão queimados, alguns sairão vivos de mangueira na mão, mas só no final da próxima época se verá até que ponto estes "meninos" adquiriram maturidade e qualidade para representar ao mais alto nível um clube da dimensão do Sporting.

 Entre valores como Ilori, Esgaio, ou Zezinho que deram e têm dado boas indicações (mas para já só isso) emerge uma pérola que já mostrou estar acima dos demais, é o mais novo e o que melhor tem lidado com as feras, falo obviamente de Bruma. Enquanto sobre os outros não consigo ter ainda uma opinião bem formada, sobre este jovem nascido em Bissau vejo uma qualidade muito acima da média. Pegou de estaca na equipa principal (vai para o décimo jogo na primeira liga) e tem sido uma das principais caras deste novo Sporting, a grande prova disso é a tranquilidade que demonstra a jogar contra os "homens de barba rija" contrastando com o resto da equipa cuja intranquilidade tem sido imagem de marca. A bola não lhe queima nos pés uma vez que há uma procura constante para tê-la e assim criar os desequilíbrios, é um extremo que gosta de olhar o defesa olho no olho e partir para cima dele, fazendo uso do seu grande poderio técnico para dessa maneira abrir espaços e desequilibrar a defesa contrária; não obstante de ser muito solidário no processo de recuperação da bola. É um Porsche que altera as mudanças consoante as necessidades, ultrapassando Fiats e Citroens como bem lhe apetece.

 Continua a ser um diamante em bruto que precisa de muita lapidação (aqui entra o fato Jesualdo), as perdas de bola no meio campo defensivo quando a equipa está a sair para o ataque têm de acabar; o posicionamento pode ainda ser muito melhorado, nomeadamente quando a bola está no flanco contrário o jovem precisa de procurar uma posição mais central para não se afastar tanto do jogo e fazer sobressair a sua veia goleadora; tal como uma maior regularidade durante os noventa minutos precisa de ser adquirida.

 Bruma destacou-se dos outros estreantes pela sua excelente postura a lidar com a pressão, a qualidade (e que qualidade!) está lá, portanto com o ritmo competitivo que está a começar a adquirir é provável que o Porsche passe a Ferrari e o valor dispare. Aí outras autoestradas sentirão a sua presença.


P.S-Neste lote de novas promessa o inglês Eric Dier também está um degrau acima, numa próxima vez falarei sobre as suas qualidades.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Passadeira Vermelha vs Esperança Azul



  A cinco jornadas do final do campeonato o Benfica tem o sinal aberto para acelerar rumo ao título. São quatro pontos de vantagem que permitem ao clube um acidente nesta reta final.da maratona. A ver a porta traseira da viatura benfiquista, está o F.C.Porto, bicampeão e nada habituado ao titulo de vice.

 Pela maturação do seu jogo neste quarto ano à frente da equipa, Jorge Jesus (JJ) está numa posição priveligiadíssima para conquistar o ceptro três anos depois da sua última e única conquista. O Benfica contínua goleador e a dar espetáculo, mas o seu treinador percebeu que isso não é tudo e nesta fase da época é o pragmatismo a ganhar ascendente sobre o futebol espetáculo, o resultado são algumas vitórias sofridas que dão na mesma três pontos. Deste modo, o clube está em três frentes e jogadores nucleares como Maxi, Garay, Salvio, ou Cardozo, estão num plano físico acima das últimas épocas, fruto dos substitutos e da rotação que tem sido imposta.

 É essa a grande desilusão azul e branca, o clube sabe que se estivesse na confortável posição encarnada era quase impossível o título fugir, e que este Benfica denota uma consistência "à Porto", raramente visível nos últimos anos. Fruto de uma mentalidade ganhadora impressionante, a equipa tem consciência que ainda está tudo em aberto, as próximas cinco finais são para ganhar ( e que final teremos na penúltima jornada!) e há que esperar um empate ou derrota encarnada. Com objetivos ambiciosos na Liga Europa, as águias terão de gerir muito bem o seu calendário, caso contrário os dragões não serão complacentes com as falhas do opositor.

 A partir de agora serão cinco voltas à velocidade da luz sem direito a qualquer paragem, mas Vítor Pereira sabe que JJ aprendeu com o trauma dos cinco pontos da época passada...