quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O problema londrino



 Vida difícil a do Chelsea esta época, o que se pensava uma luta pelo titulo tornou-se uma luta pelo acesso à liga milionária. Os londrinos estão no quinto lugar, a 17 do primeiro e em igualdade com o quarto, seria desastroso manterem o posto e não se qualificarem para a Champions - por mais fracassada que a época seja a classificação para a grande prova europeia é o mínimo dos mínimos exigível.

 Seguindo a lógica natural do futebol - principalmente latino - quando os maus resultados se sucedem o treinador é sempre a primeira vítima, AVB não tem sido excepção e a contestação aumenta de jogo para jogo. Apesar da carteira longa, Abramovich tem a paciência curta e é conhecido pela constante troca de treinadores (excepção feita a Mourinho), por outro lado os adeptos "Blues" habituaram-se nos últimos anos a títulos e vitórias, sendo-lhes estranho tamanha fase de maus resultados, está por isso complicada a situação do treinador português.

 Apelidam-lhe de inexperiente, demasiado jovem, ou com pouca liderança, dizem que o Chelsea é um clube demasiado grande para um novato que só conheceu dois emblemas na carreira, e multiplicam-se as comparações a Mourinho, que pelo que alcançou no clube deixou a bitola bastante alta. Analisando ao pormenor todos os defeitos do jovem técnico e culpando-o pelos maus resultados da equipa, está-se a fazer uma análise superficial, mesquinha, e arranjar um bode expiatório para encobrir o grande problema da equipa: a fraca qualidade do plantel.

 Desde que o milionário russo chegou ao emblema habituámo-nos a ver um Chelsea crónico candidato a ganhar a Premier League e a Champions, os milhões russos trouxeram grandes jogadores e só com um plantel poderoso foi possível aos londrinos aspirar a esta posição que lhes tinha sido estranha durante dezenas de anos. Quem tinha Lampard, Drogba, Robben, Terry, Cole ou Cech, era favorito perante qualquer adversário, portanto, foi com normalidade que as taças e os campeonatos chegaram ás vitrinas do clube, tal como as participações nas meias e na final da Champions.

 Mas como tudo na vida, o plantel de uma equipa de futebol é dinâmico e sofre os efeitos do tempo, sendo necessária a substituição dos jogadores de tempos em tempos, algo que o clube de Stamford Bridge não foi capaz de fazer nos últimos anos. Analisando o plantel "Blue" ao pormenor, vê-se que os pilares da era Abramovich perderam o fulgor de outros tempos; Lampard, Drogba e Terry foram durante anos a fio as grandes figuras de um Chelsea fortíssimo, mas os anos passaram e estes jogadores encontram-se já numa idade avançada, e apesar da qualidade que lhes está sempre associada a condição física está muito longe dos tempos áureos.

 O grande problema está na deficiente substituição destes homens chave, pois neste Chelsea de AVB são raros aqueles que conseguem realmente fazer a diferença. Há jovens com potencial como David Luiz, Ramires, Romeu, Sturridge, e Lukaku que face ao défice de qualidade do plantel têm sido extremamente utilizados, muitos deles titulares indiscutíveis e responsáveis por fazer a diferença no onze, algo difícil para um jovem (mesmo que o potencial seja grande) cuja pressão muitas vezes não é benéfica. É possível observar um outro grupo de jogadores como Meireles, Malouda, ou Ivanovic cuja capacidade é boa, mas não o suficiente para  a preponderância que têm no onze - podem ser importantes numa equipa deste calibre mas nunca os elementos principais. Aliando os homens mais velhos (a que se podem juntar Essien, Cole e Cech), os de qualidade mediana (para uma equipa como o Chelsea), e os jovens com potencial, está quase feito o onze e o plantel de AVB, que depois desta análise um pouco mais pormenorizada pode-se concluir que está bastante abaixo da qualidade dos anos anteriores.

 Contudo, há dois executantes que se destacam dos demais, com um nível qualitativo de topo, refiro-me a Fernando Torres e Juan Mata, os dois espanhóis desta equipa. "El Nino" é um fora de série, dos melhores do mundo na sua posição, todavia o fraco número de golos e a pressão referente ao valor da sua transferência, tem-no tornado num ponta de lança banal. O antigo representante do Valência, foi de longe a melhor contratação "Blue" para esta temporada, Mata é uma pérola capaz de fazer toda a equipa jogar, quando está inspirado leva autenticamente a equipa às costas, quando está em dia não, é capaz de passar os 90 minutos desinspirado e de um momento para o outro inventar um lance que decide a partida, é isto que define os executantes geniais. No entanto, com pouco apoio da restante equipa a sua tarefa torna-se muito mais difícil.

 Olhando para o poder de fogo dos rivais de Manchester, onde sobressaem Aguero, Rooney, Nani, Silva, entre outros, é notório que por mais conseguido que o trabalho do treinador seja, é uma luta bastante desigual.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Balanço do momento actual Leonino



 Estamos quase no Carnaval, época de festa e alegria, um  estado de alma totalmente oposto àquele que paira em Alvalade. Depois da maré optimista que se apoderou da primeira metade da época, vive-se agora a ressaca de toda essa confiança que permitiu sonhar com grandes voos. Maus resultados, exibições fracas e eliminação prematura em algumas competições, está feito o cocktail explosivo responsável pela depressão que se abateu sobre o universo leonino- adeptos, jogadores, equipa técnica e direcção.

  Contudo, a situação não é irreversível e a época ainda se pode tornar globalmente positiva. Sendo este o ano zero, o grande objectivo passa por constituir uma base para as épocas futuras, já se sabia que o titulo era bastante difícil portanto a qualificação para a Champions era (é) a grande preocupação da nova direcção,  essa meta ainda está perfeitamente ao alcance da equipa tal como a conquista da Taça de Portugal, com estes dois resultados obtidos a temporada não pode ser considerada negativa.

  Mais que tudo, há que entender o que se está a fazer actualmente no Sporting. Godinho Lopes herdou um clube completamente destroçado e tem mostrado aos poucos que está verdadeiramente motivado na missão de devolver o emblema à posição que ocupou no passado- as contratações feitas, o discurso realista e ao mesmo tempo confiante, a aproximação aos sócios, etc, são exemplos daquele que tem sido o trabalho do presidente. Independentemente dos resultados até ao final da época há que manter a confiança no projecto que está a ser montado, pois mais que o curto prazo o seu objectivo estende-se a médio longo prazo. O plantel tem uma qualidade bem superior às épocas anteriores e apesar de ser originário dos quatros cantos do planeta tem mostrado grande união e solidariedade entre si, o treinador é jovem e precisa de tempo para conseguir resultados sólidos, e os adeptos têm sido incansáveis no apoio à equipa, prova disso é numa fase menos boa da equipa estarem 38 mil pessoas em Alvalade.

  Todo o caminho para o sucesso é inicialmente conturbado, cabe aos ganhadores ultrapassar as fases menos boas e provar que as adversidades são algo passageiro.