sexta-feira, 30 de março de 2012

As coisas boas da vida


 Por alguma razão ganhámos uma corrida a milhões e conseguimos o (exclusivo) direito de viver a nossa vida, em Portugal são quase onze milhões de almas com esse direito. Obstáculos, azares, desilusões, são parte integrante dos nossos anos de existência, tal como a felicidade, a sorte e o prazer, que "adocicam" a nossa vivência. E é por ter contato com esses momentos que a vida é uma dádiva que deve ser aproveitada ao máximo.


 Toda esta conversa bonita, veio à baila a propósito da épica jornada europeia leonina contra o clube mais endinheirado do mundo. Sou sportinguista de alma e coração (daqueles cujo sangue é verde), mas acima de tudo considero-me um amante do desporto rei e acho fantástica a relação dos portuguesas com o futebol. Esta modalidade que só é ignorada pelos americanos, causa furor em toda a aldeia global mas a sua relação com este país é algo fenomenal. As sensações são levadas ao extremo, um jogo corre mal e sente-se uma desilusão total, uma partida bem conseguida dá origem a um explodir de alegria imenso. Contudo, a beleza de tudo isto prende-se com um momento de felicidade ficar mais entranhado na memória que dez momentos de desilusão.


 Os noventa minutos daquela quinta feira foram uma escalada crescente de sofrimento, com o apito final do senhor Tom Harald Hagen todo esse sofrimento transformou-se em festa e emoção que nunca se apagará das minhas recordações.  Desde que acompanho futebol já tive muitas decepções pelos lados de Alvalade, mas passa o tempo e são esquecidas; no entanto, momentos como a remontada contra o Newcastle ou o épico confronto  de Alkmaar ficarão para sempre recordados, e este seguramente terá o mesmo caminho. Eu falo pelo meu clube, mas obviamente que o golo de Costinha em Old Trafford ou o de Simão em Anfield não saem da memória de nenhum portista ou benfiquista, e a histórica batalha de Nuremberga ou os emocionantes penaltis nos confrontos com a Inglaterra jamais serão esquecidos perdurarão para sempre na cabeça dos portugueses.


 Com todos os percalços que possam acontecer, é por momentos como este que dá gosto viver. 

quinta-feira, 15 de março de 2012

As três medalhas

 Em ano olímpico as palavras ouro, prata e bronze ganham uma importância significativa, são os lugares de topo onde apenas um trio de predestinados consegue chegar, e se o ouro é o paraíso, os outros dois "metais" também são algo emocionante que jamais será esquecido.

 Nesta liga portuguesa a importância está reduzida apenas ao posto mais alto do pódio, apesar do 2º e 3º lugar garantirem objectivos importantes, nem Porto, nem Benfica, nem Braga se vão contentar com tão pouco - mesmo que os minhotos não adoptem no seu discurso oficial a sua candidatura ao título. Já não falta muito para acabar e é fabuloso estar em pleno mês de Março e vermos um campeonato ao rubro com esta luta tripartida - a última vez que me lembro de coisa parecida foi na temporada de 2004/05 onde o Benfica de Trapattoni se sagrou campeão.

 A diferença pontual é mínima e ainda há jogos entre os concorrentes, pelo que todos têm grandes e legítimas aspirações de sonhar com o troféu. Os minhotos apesar de relutância em assumir grandes voos já pensam nitidamente na glória, e fazem muito bem! Sem a Europa para "atrapalhar" vão ganhando tranquilamente todas as semanas, e mostram um conjunto de jogadores de grande qualidade que já provou estar preparado para altas andanças, aguentaram-se em fases da época cujas lesões dizimaram o plantel, e o seu treinador mesmo que jovem tem mostrado saber muito bem o que faz.

 Os encarnados são a equipa mais forte, o seu poderio ofensivo é enorme, as soluções de qualidade são mais que muitas e a consistência defensiva mostra-se sobejamente melhor que nas épocas anteriores. A vantagem de 5 pontos desperdiçada foi um tiro no estômago mas a equipa é demasiado forte para ficar presa a essa fatalidade, contudo os jogos na Champions intercalados com desafios contra Braga e Sporting poderão ser um handicap a penalizar os homens de Jesus.

 Pelos lados da invicta mora o outro pretendente, é verdade que o F.C.Porto está uma sombra do que foi no ano passado, mas só por ser o Porto já é razão suficiente para não se duvidar da capacidade vitoriosa da equipa, quer jogue bem ou mal a dinâmica ganhadora do emblema é fantástica, e se é factual que a máquina tem emperrado várias vezes esta temporada, também é factual que que tem Hulk, Moutinho ou Lucho é sempre um alvo a temer por parte dos adversários.

  Nesta crise o BCE a Comissão Europeia e o FMI vieram "governar" o país de forma homogénea, nesta liga a troika de concorrentes governará de forma heterogénea.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Preciosos milhões

 Neste ano zero leonino os dirigentes tentaram colocar o mínimo de pressão na plantel, embora se afirmasse que a equipa iria fazer os possíveis para competir pelo título de campeão, o real objectivo sempre foi o terceiro lugar, que dá o apuramento para a pré-eliminatória da Liga Milionária.

 O tempo foi pasando e neste momento esse objectivo não passa de uma miragem, os onze pontos para o último lugar do pódio tornam a ida à Champions algo que roça o impossível, um percalço catastrófico para o projeto inicado à pouco tempo. Godinho Lopes e os seus homens fortes pegaram num clube económicamente de rastos, a única solução para o Sporting se aproximar qualitativamente dos rivais era reforçar a equipa; a estratégia encontrada passou por arranjar novas linhas de crédito e recorrer a um fundo que tem comprado parte dos passes dos jogadores, tudo isto aumentou ainda mais a despesa e consequententemente o passivo.

 Foi abertamente falado que esta solução despesista visava equilibrar as contas e sustentar o clube a médio/longo prazo. Contudo, um dos pilares das receitas seria a participação na grande prova europeia que distribui milhões como quem estala os dedos, e é o maior palco da valorização dos jogadores e do nome do clube. Percebe-se assim, que muito mais que a questão do título, os novos chefes leoninos estivessem preocupados com uma das bases da sustentabilidade deste novo projeto, pois se a conquista do campeonato era algo manifestamente complicado, a medalha de bronze estava bastante acessível a uma equipa que se reforçou bastante e tem um conjunto de jogadores com qualidade muito superior aquilo que têm demonstrado.

 Faço votos para que o trabalho que está a ser efectuado por esta nova direção (que muito aprecio) não seja fatalmente atingido por um contratempo que era escusado, já que volto a repetir que os verde e brancos tinham perfeitas condições para alcançar o terceiro posto.

sábado, 3 de março de 2012

As ideias de Sá Pinto



 É ainda muito cedo para falar nas mudanças que o jovem treinador trouxe à identidade de jogo leonina. Foram apenas quatro jogos em pouquíssimo tempo, num plantel com os níveis de confiança muito em baixo. Será preciso esperar mais um pouco para se começar a perceber  o que vale verdadeiramente este Sporting de Sá Pinto.

 Há no entanto algo que o jovem técnico tem tentado incorporar rapidamente, a cultura da posse de bola. Era visível nas partidas dos juniores a preocupação com a posse e o controlo da partida, contrariamente ao estilo imposto por Domingos, onde as transições e a recuperação rápida da bola eram os grandes objetivos; é verdade que a qualidade de jogo tem sido baixa e as oportunidades de golo escassas, mas a situação parece estar a encontro após encontro.

 Sá Pinto estudou uma das principais lacunas do anterior treinador que era a dificuldade em sair a jogar a partir da defesa, tendo sido progressivamente visível a preocupação dos médios (qualquer um dos três) em baixar no terreno para se apoderarem da bola e darem início ao processo atacante. Estas novas rotinas ainda estão um pouco "cruas", já que a equipa consegue ter muita posse de bola no meio campo mas com pouca objetividade criatividade, contudo, volto a repetir, estes processos só se melhoram com o tempo e o tempo só passa jogando vários jogos.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Um valor incalculável



 No último encontro antes da convocatória para o Euro 2012 Portugal defrontou a Polónia, e pouca gente se apercebeu da importância que esse particular teve para a nossa seleção. Muito mais do que uma partida onde se testaram novos elementos, ou se aumentou a coesão do grupo, a equipa de todos nós conseguiu o feito de inaugurar a majestosa casa que albergará a abertura do próximo Campeonato da Europa, o imponente Estádio Nacional de Varsóvia

 Na terça feira, foi noticiado numa publicação desportiva que grandes potências de que é exemplo a Inglaterra se tinham disponibilizado para inaugurar o recinto, mas a verdade é que o polacos rejeitaram todas as disponibilizações e optaram por convidar aquela seleção do cantinho da Europa, dizia a publicação que o povo de leste queria ver pela primeira vez naquelas terras Cristiano Ronaldo.

 O que se conclui deste argumento de escolha, é que CR7 tem uma dimensão tal que sozinho rivaliza com grandes seleções europeias, como é o caso da britânica. O português marca golos, faz a equipa jogar, ganha títulos, bate recordes, diz frases controversas, coleciona namoradas bonitas e faz capa de todo o tipo de revistas; resumidamente, é uma personalidade que dá que falar em qualquer lugar do globo. É ele o expoente máximo da divulgação do nome "Portugal" pelo mundo fora, com grandes vantagens para o país, tanto directas, como foi o caso deste particular, como indirectas, umas vez que todo o mundo ouvir constantemente o nome do nosso país é uma excelente forma de divulgação de inúmeros produtos portugueses (desde bens materiais ao turismo).

 Apesar de tudo, a seleção das quinas é muito mais que CR7, pois há já vários anos que conseguimos adquirir o status de seleção que pratica um excelente futebol e dá bons espectáculos seja qual for o adversário. E claro que nomes como Nani, Pepe ou Coentrão também muito contribuem para a visibilidade que a equipa "tuga" possui.