quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Mourinho vs Barcelona


Estamos de final de 2011, depois de um ano e meio em Madrid Mourinho comanda a melhor equipa desde que é treinador. É uma miragem ver este Real perder pontos, as goleadas têm-se tornado rotina semanal, e a equipa pratica um excelente futebol. Há no entanto um pequeno senão, para os lados de Barcelona existe um equipa de extraterrestres que atropela qualquer adversário, é daqueles conjuntos que já marcou o seu lugar na história, secundarizando completamente o emblema da capital (tanto em títulos como em confrontos directos).

O Real Madrid ganha a todos e perde com o Barcelona, não há meio do "special one" inverter a tendência negativa. O último confronto foi um grande exemplo deste "complexo" de Mourinho contra os Blaugrana, depois de uma série imparável de 15 vitórias consecutivas e um golo marcado aos 30 segundos de jogo, o Real saiu vergando do Barnabéu por 1-3. Este jogo foi a confirmação de algo sobre o qual o português terá de reflectir: a táctica a utilizar nos jogos contra o grande rival.

Exceptuando as partidas da Supertaça (que por serem no inicio da época são partidas diferentes) o técnico efectuou pelos madrilenos 6 encontros contra o rival histórico- 4 derrotas, 1 empate e 1 vitória é este o saldo. Vejamos agora qual forma como Mourinho optou por jogar nestes 6 jogos.


-Nos 5-0 o técnico ainda esta "verde" (era o seu primeiro grande clássico espanhol), decidiu jogar da mesma forma que vinha jogando contra as outras equipas, 4 homens de ataque e 2 centro-campistas a "aguentar" o jogo. Foram os 90 minutos mais penosos da carreira do português.

-Na segunda volta Mourinho reservou uma surpresa, tirou o criativo (Ozil) e subiu Pepe para trinco, com mais um homem de pressão no meio campo os Blancos estiveram mais seguros e realizaram uma boa partida (1-1).

-No encontro seguinte jogava-se a final da Taça do Rei, Mourinho apostou na mesma estratégia da partida anterior, deu outra vez resultado e o Real ganhou o troféu (1-0).

-4º confronto, 1º mão da meia final da Champions no Barnabéu, o meio campo continuou composto por 3 homens e os madrilenos iam tranquilamente no terceiro clássico sem perder, até que o senhor Wolfgang Stark decidiu expulsar Pepe num lance inexistente. Com mais um os catalães não perdoaram e ganharam por 2 golos na casa do adversário.

-Para a 2º mão com Pepe castigado e a precisar da vitória o técnico voltou a apostar num criativo em vez do trinco, a partida esteve dividida mas o 1-1 final afastou os Merengues da final.

-Há 3 semanas veio o balde de água fria, vindo da série histórica de vitórias consecutivas o Real apresentou-se no Barnabéu como grande favorito, tal como na partida de há um ano a equipa entrou em campo bastante ofensiva com os 4 suspeitos do costume no ataque, não conseguiu controlar o meio campo catalão e acabou derrotada em casa.


Moral da história, Mourinho tem de perceber que montou uma estratégia que funciona com 99.99% das equipas do globo, mas não funciona contra o Barcelona. Contra os Blaugrana toda a táctica e identidade de jogo têm de ser radicalmente alteradas, para conseguirem um encontro equilibrado os Merengues têm de jogar em contra-ataque (seja em casa ou fora), pois essa é a única maneira de controlar minimamente a posse de bola adversária e diminuir os espaços entre linhas da defesa e do meio campo.

Os 3 jogos no qual Pepe foi utilizado a trinco, foram de longe os mais conseguidos. Com 3 homens no centro do campo Mourinho dá maior capacidade de pressão a esta zona, o luso-brasileiro preocupa-se exclusivamente em pressionar o portador da bola dando à equipa uma maior capacidade de recuperação da posse- apesar dos níveis de posse do Real continuarem bastante baixos, Pepe torna a posse de bola do Barcelona mais inconsequente. Alonso ganha liberdade para funções um pouco mais atacantes e é responsável por servir os 3 da frente, que com a velocidade e capacidade técnica conseguem decidir a partida de um momento para o outro.

É feio jogar defensivo, é complicado subordinar-se ao maior rival, e é estranho um clube desta dimensão ter 8 jogadores atrás da linha do meio campo. mas só desta forma é possivel maximizar as possibilidades de sucesso contra uma equipa extratosférica.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O equilibrio europeu

Inglaterra, Espanha, Alemanha, Itália, França e Portugal, são estes os primeiros campeonatos do ranking da UEFA. Têm todos em comum o equilíbrio no topo das respectivas tabelas classificativas.

AAA (sem nenhum perspectiva de baixa), é este o rating do equilíbrio no campeonato francês. Como acontece todos os anos (desde que o deixou de ganhar títulos) é muito difícil prever quem ganhará o troféu, Montpellier e PSG repartem a liderança Lille e Lyon seguem atrás (a 2 e 4 pontos respectivamente). Há uma luta a 4! Até podem surgir novos candidatos numa fase mais adiantada da prova (Marselha), nada de novo para um campeonato onde prever o campeão é tarefa de bruxo.

Por lados transalpinos a competição está a ser estranhamente equilibrada, habituados a ver os grandes de Milão conquistarem os títulos nos últimos anos esta época depara-mo-nos com Juventus e Udinese a comandar a prova seguidos pelo Milan e a Lazio, com um total de 2 pontos a separar o líder do 4ºclasificado. Este é o único campeonato onde vejo o equilíbrio como algo negativo, pois é sinónimo que não há grandes equipas verdadeiramente merecedoras do troféu. Muitos empates algumas derrotas e assim se vai assistindo a uma constante troca de posições nos lugares cimeiros. Longe vão os tempos em que Inter, Milan e Juventus eram verdadeiros "Papões".

Um pouco mais a Norte temos assistido a outra competição bastante equilibrada, com o Bayern à cabeça a liderança do campeonato alemão tem trocado algumas vezes de dono. O clube de Munique, o Schalke e os Borussias estão separados por apenas 4 pontos e nos jogos entre eles já mostraram que não há invenciveis, prometendo uma luta dura e emocionante até ao fim-embora na recta final penso que só um dos três aguentará fazer frente ao Bayern.

Nas terras de sua Majestade este é o ano da mudança, United e Chelsea passaram a ter um verdadeiro concorrente pelo titulo, o Manchester City. Os novos milionários têm 2 pontos de vantagem sobre os vizinhos e 7 sobre o clube londrino. Teoricamente 7 pontos não são sinal de equilíbrio nenhum, mas Inglaterra é um campeonato à parte em que a imensa competitividade das equipas médias causa muitos dissabores aos do topo da tabela.

Falta referir La Liga, um campeonato com um equilíbrio muito próprio, já que só existe entre Barcelona e Real, tudo o resto é secundário, esta época não tem sido excepção e a diferença ente ambos no máximo é de 3 pontos (dependendo se o Real ganhar o jogo que tem a menos). A diferença para o Valencia (3º) é de 7 pontos algo gigante numa liga com as características da espanhola onde perder pontos é algo que não consta no vocabulário das duas super-equipas.

Por cá 4 pontos separam o 1º do 3º e nenhum separar os dois da frente, é bom voltar a ver o campeonato competitivo sem diferenças abismais de 12 e 15 pontos. É seguro prever que será uma prova equilibrada até ao fim e o campeão até pode ser quem menos se espera...

As principais liga europeias só conseguem ser atractivas se tiverem como pano de fundo o equilíbrio na luta pelo titulo, este ano podemos estar descansados porque não temos campeonatos só até ao Inverno.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

A opção chamada Carriço


Com a lesão de Rinaudo o Sporting perdeu o seu elemento chave numa posição fulcral do terreno. Responsável pelo equilíbrio defensivo do 11 um médio defensivo tem também de participar no ataque, pois numa equipa como o Sporting a primeira fase de construção passa pelo homem que ocupa esta posição.

Face à actual situação clínica dos vários elementos do plantel, Domingos tinha 3 hipóteses para substituir o argentino: André Santos (a mais óbvia), Daniel Carriço (a mais defensiva), Elias e Schaars (a mais atacante). Confesso que a opção tomada pelo treinador é a que menos me agrada, Carriço é um central de raiz, quando toca na bola é fácil observar que está a jogar fora da sua posição, os lances são abordados em esforço e a redondinha não flui naturalmente nos seus pés. Obviamente que as rotinas de um central são diferentes das dos médios defensivos (é mais difícil para um central jogar numa posição mais avançada do que vice verse), desde a intensidade do jogo até à pressão com a bola no pé.

No centro do campo tudo é mais rápido, é necessária mais disponibilidade física para as marcações e compensações, já que esta posição é uma espécie de "apaga fogos" que tem de ocupar várias zonas do terreno sempre que for preciso; ao mesmo tempo é recomendável uma boa qualidade de passe e a rápida temporização do jogo pois é aí o começo da construção do processo atacante.

No jogo da Luz o português andou semrpe um passo atrás de Aimar, com o Belenenses parecia que a equipa estava a jogar com 3 centrais, e mais não digo porque ainda forma poucos os jogos que o jovem central jogou nesta posição- verdade seja dita, contra o Zurique o jogador realizou uma boa exibição.

Com A.Santos no banco Domingos escusava de inventar desta maneira, o internacional português esteve durante uma época inteira a da provas da sua excelente qualidade naquela posição, e as exibições menos conseguidas que tem protagonizado este ano são facilmente ultrapassadas com minutos regulares de jogo. Ou me engano muito ou o técnico leonino acabará por se arrepender desta sua adaptação.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O erro de Jesus

Esteve quase a tornar-se natalícia a saga invencível dos homens da luz, foram mais de 20 jogos sem conhecer o sabor da derrota enfrentando adversários como o Sporting, Porto ou Manchester United. A fava calhou ao Marítimo e ditou a eliminação das águias na Taça de Portugal.

Depois da semana muito complicada e exigente que obrigou a equipa a um grande esforço físico, Jesus decidiu descansar várias peças fundamentais do 11 e fê-lo em todos os sectores. Do outro lado estava uma formação a jogar em casa, com uma série impressionante de jogos sem perder e que ocupa o 4º lugar da Liga. Benfica a meio gás contra Marítimo super motivado, era este o prato forte dos oitavos de final da Taça.

A derrota dos encarnados tem de ser apontada a Jorge Jesus, pois neste jogo quem pecou foi ele. Será que o treinador benfiquista não sabia que os insulares jogavam em casa e estavam num excelente momento de forma? Foram demasiadas alterações para um jogo tão importante. A equipa sentiu a falta da consistência de Maxi, dos desequilíbrios de Aimar e da voz de comando de Javi; opção por 2 avançados também não foi a melhor, já que é mais adequada aos jogos caseiros ou contra equipas de pequenas dimensão.

A verdade é que Jesus não necessitava de nada disto, bastava ter trocado o Guarda Redes e mais uma peça (por exemplo Nolito por Bruno César). Apesar da exigência dos últimos encontros a equipa teve quase uma semana para recuperar os níveis físicos, e estava com os níveis anímicos em alta, há jogo com o Otelul a meio da semana e só no outro fim de semana recomeça a liga, Jesus podia muito bem ter guardado as poupanças para o jogo com os romenos, que mostraram ser uma equipa frágil com muito menos qualidade que este Marítimo, o Benfica joga em casa e só precisa da vitória para passar em primeiro, sendo que o empate ou a derrota terão como única consequência o apuramento em segundo lugar. É portanto um cenário propício para alterar a equipa e descansar os principais jogadores, dando mais de uma semana de descanso entre o jogo da Taça e o da Liga- novamente contra os madeirenses.

O treinador encarnado que tantas alegrias deu aos adeptos, ainda não conseguiu ganhar nenhuma Taça de Portugal (nem sequer se vice) o que dava uma motivação extra à equipa e principalmente a Jesus, que não vai querer relembrar a sua história no clube sem nenhuma Taça ganha. Sabendo que nesta competição derrota é sinal de eliminação são ainda menos compreensíveis as poupanças do treinador.

Os encarnados perderam bem e o Marítimo teve muito mérito, fica a curiosidade para saber como será o encontro da Liga, com um Benfica a jogar na máxima força (ou perto disso) teremos um excelente espectáculo de futebol em perspectiva.