quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

A culpa de Vercuateren



 O Sporting foi derrotado em casa pelo eterno rival, numa partida em que não há desculpas da arbitragem para justificar a derrota, a equipa só se pode queixar dela própria. Se em muitos jogos anteriores os jogadores foram os principais culpados pelos desaires, no jogo de Segunda-Feira  foi o treinador leonino quem esteve bastante mal.

 Primeira parte interessante do Sporting, saiu para o intervalo a vencer e conseguiu controlar bastante bem a partida. O meio campo fez o seu trabalho de contenção do ataque benfiquista e as saídas de bola rápidas e longas para os extremos e o ponta de lança deram resultado. Na segunda parte o Benfica mudou completamente de atitude e jogou para ganhar, o meio campo e os extremos verde e brancos deixaram de existir e o jogo leonino tornou-se bastante curto. Até ao 1-1 a partida ainda esteve equilibrada, mas a partir do golo do empate (que erro de Carrillo!) o Sporting deixou de conseguir atacar e viu o rival intensificar a pressão e falhar várias oportunidades, mais minuto menos minuto, estava iminente o golo encarnado.

 Têm sido notórias desde o inicio de época as debilidades físicas dos jogadores sportinguistas, algo não foi bem planeado e a fatura está a ser paga. O jogo com o Videoton três dias antes também não ajudou nada, uma vez que os quatro repetentes na equipa estavam a ser fundamentais no desenrolar da partida - principalmente Capel, Insua e Rinaudo.

 Pois bem, é aqui que entra o papel do treinador, o escolhido para juntar a qualidade individual e transformá-la na qualidade da equipa, o mais habilitado no entendimento  do jogo, e o responsável por adaptar a equipa ás fases, aos momentos, e aos contextos da partida. Neste jogo o Sporting precisava disso, não apenas de uma estratégia inicial sem plano b. No momento em que a equipa mas fraquejava, os jogadores precisavam da intervenção do seu comandante. Capel correu e defendeu até não poder mais, Pranjic (o jogador "fetiche" de Vercauteren) nunca deu a vantagem ofensiva que o Sporting devia ter conseguido no 3x2 do meio campo, Elias trabalhou muito mas já lhe faltava discernimento, e pronto! O Sporting tentava manter pelo menos o empate, e o seu treinador estava calmamente no banco (ou seria no café?) a ver o Benfica em ataque e oportunidades constantes, sem nada fazer.

 As substituições existem para um fim, mudar algo que esteja a correr menos bem dentro de campo. É inconcebível Vercauteren apenas ter substituido Carrillo à luz daqui que estava a acontecer à frente dos seus dois olhos. E chega a ser ridículo ter colocado Izmailov - um jogador que podia perfeitamente ter ajudado a equilibrar e dar profundidade ao meio campo - aos oitenta e sete minutos quando a equipa já perdi por três.

 Nesta partida o grande culpado chama-se Franky Vercauteren, que parecia um adepto a assistir tranquilamente a uma partida normal.


P.S-Ricky Van Wolfswinkel, o tal ponta de lança que a imprensa diz ser um dos melhores jogadores leoninos, finalmente fez um jogo mercedor de tal estatuto.



terça-feira, 11 de dezembro de 2012

O "apagão" chamado Rodrigo


.
 Contratado em 2010 ao Real Madrid, Rodrigo rodou uma época no futebol inglês até fazer definitivamente parte do plantel encarnado.

 O valor que os responsáveis benfiquistas pagaram por ele (seis milhões de euros) demonstrou grande confiança no seu potencial, e os seus vinte anos de idade eram a altura certa para Jesus intervir e lapidar mais um diamante. Tudo correu mais rápido que o previsto, e a temporada 2011/2012 passou de temporada de adaptação para temporada de explosão, desta forma o jovem espanhol conseguiu ser decisivo em vários jogos, incluindo na Champions.

 Depois de quatorze golos marcados, chegou o embate em São Petersburgo, frente ao Zenit na primeira mão dos oitavos-de-final da Champions, aí a famosa entrada ríspida de Bruno Alves sobre o avançado "afetou-o" até aos dias de hoje.

 O jogador nunca mais foi o mesmo, os golos começaram a escassear, o poder de explosão diminuiu, a velocidade não é a mesma, e todo o seu processo evolutivo parece que estagnou. É recorrente, tanto pela imprensa como pela generalidade dos adeptos, justificar este "apagão" com a falta violentíssima de Bruno Alves, como se o internacional português tivesse cometido uma infração de tamanha gravidade que afetou até ao presente a perna do espanhol. Bruno Alves tinha de ser bastante engenhoso para lesionar o seu adversário, de maneira a que ele continue a jogar e ao mesmo tempo ainda esteja a sofrer as consequências do tal "carrinho".

 O futebol português (desde a imprensa, dirigentes, jogadores e adeptos) tem a particularidade de justificar os assuntos, de maneira irracional e muito pouco coerente, não pensando realmente se algumas justificações fazem sentido. A imprensa precisa de vender jornais e os adeptos de um bode expiatório, nada melhor que "falteiro" do defesa que era capitão do grande rival, para réu deste julgamento. Junta-se o útil ao agradável.

 Curioso é verificar a transformação que sucede quando representa a seleção sub-21 espanhola, o apagado vira máquina e o resultado são golos atrás de golos, tanto que está muito perto de ser o goleador recordista deste escalão espanhol. Se há uma mudança de rendimento tão grande entre clube e seleção, qual é então o verdadeiro problema de Rodrigo no Benfica? Obviamente que o fator mental está a pesar bastante. Depois da explosão no clube o jovem não aguentou a pressão de ser uma das estrelas encarnadas, e isso afetou bastante o seu rendimento, os golos foram desaparecendo e os níveis de confiança desceram abruptamente, uma vez que a tenra idade do avançado é propícia a sensações extremas, quando as coisas correm bem sente-se o melhor do mundo quando correm mal (que tem sido o caso) sente-se o pior do mundo. Depois das férias e da pré-época, onde as coisas pareciam estar reestabelecidas e os tentos voltaram a aparecer, chegou um homem chamado Lima, que se impôs rapidamente no onze principal e delegou o espanhol para segundo plano, afetando uma vez mais o seu rendimento e consequentemente os seus níveis de confiança.

 A qualidade técnica continua lá, mas Rodrigo só irá chegar ao patamar de excelência quando conseguir suportar toda a pressão a que um craque (principalmente de um clube grande como o Benfica) está sujeito. É aqui que entra Jorge Jesus, cabe ao técnico português trabalhar os índices psicológicos do jogador, planificando bem a sua utilização, e fazê-lo crescer , pois nessa altura terá definitivamente dado o salto.