Tarde solarenga de um Domingo de Agosto, jovens, adultos, idosos, pais, filhos, e mulheres, o povo de Alvalade estava em ânsia para ver o seus ídolos tocarem na bola a sério, três meses depois do final de uma época traumatizante.
Se os artistas corresponderam no palco a audiência espalhou magia nas bancadas, entre um novo "hino" cantado por 30 mil almas e a curva sul a rebentar pelas costuras, criou-se um ambiente fantástico, que nem foi beliscado pelo tiro certeiro de Bruno Amaro.
A partida começou equilibrada, muita disputa a meio campo e pouca clarividência, normal, ou não estivéssemos a falar do primeiro jogo oficial da época. De todo o equilíbrio que pairava destacava-se Gérson Magrão, num estilo quase parado parecendo o relvado uma coisa estranha aos seus movimentos (ou falta deles), decorria então uma batalha de 11 contra 10.
Na sequência de um canto Bruno Amaro tratou de abrir as hostes e relembrar velhos traumas à incansável plateia, contudo, o botão on foi ligado, Adrien e William Carvalho apoderaram-se do meio campo e numa típica relação de causa-efeito o trio da frente subiu de rendimento. As oportunidades surgiram e com elas vieram os golos, Maurício e Montero começaram da melhor maneira a sua estadia em Portugal, e ao intervalo já o Sporting tinha virado o resultado e Leonardo Jardim - numa excelente atitude - substituído Magrão por André Martins.
A segunda metade começou com um Sporting sonolento a viver à sombra da vantagem conseguida, e Patrício teve de intervir. André Martins tardou em assumir os desequilíbrios do meio campo e eram os passes de William Carvalho que continuavam a sobressair, este médio fez uma estreia a roçar a perfeição, exímio a usar a estampa física nas recuperações de bola, melhor ainda nas saídas para o ataque. Já com o jogo mais controlado Carrilo arrancou, centrou, e Wilson Eduardo marcou, o avançado português não desiludiu na estreia e fez uma partida de bom nível. Ao contrário de Carrilo não é um extremo puro mas um segundo avançado com grande tendência para fletir para zonas centrais.
Faltava a entrada de Capel e o resto do show Montero, sendo esse o enredo até final, o espanhol a desequilibrar - por vezes um pouco trapalhão - e assistir, e o colombiano a dar um festival de classe em frente da baliza.
Deixo só três pequenas notas: Maurício revela-se goleador, porém a nível defensivo é muito duro não consegue pressionar sem recorrer à falta; as bolas saem do pé esquerdo de Jefferson como mísseis teleguiados, tensas e cheias de efeito, tornando a equipa bem mais perigosa nas bolas paradas; Adrien está um verdadeiro box-to-box, ataca, defende, pressiona, e inicia jogo atacante até não poder mais fisicamente, é omnipresente no meio campo leonino.
Os adeptos têm razões para estar otimistas, mas não se podem esquecer que grandes voos levam a grandes quedas, portanto tanto treinador como presidente têm de gerir muito bem este assunto e passar claramente a mensagem de manter os pés nos chão.
Jogador mais-
William Carvalho
Jogador menos-
Gérson Magrão